“Amy e seus companheiros de música e morte só são diferentes dos meninos e meninas da sarjeta da Rua Silva Jardim porque não eram anônimos. Os daqui viram zumbis sem que ninguém lhes venha deixar uma vela acesa.”
Jornal “A Tribuna” de Santos – 26/07/2011 – Página D4 – Opinião de Vera Leon
Fui muito criticado por ter publicado no último Sábado, nas redes sociais, o seguinte questionamento:
“Amy morreu ???? Mas zumbis morrem ????”
Centenas de comentários foram gerados em razão desta “provocação” que, na verdade, tinha intrínseca, duas constatações:
1. Zumbis não morrem. Logo, a “parca” produção de Amy seria eterna.
2. Dependentes químicos como ela são, sim, zumbis !! Queira a hipocrisia da nossa sociedade ou não queira !! Estes humanos abdicaram da condição de “ser” e não vivem, mas “dependem” !!
Fui salvo, quem diria, pela brilhante Vera Leon, de quem tomei a liberdade de reproduzir parcialmente acima, o texto por ela escrito. E duvido que alguém tenha enviado uma carta ao Jornal “A Tribuna” chamando de insensível a colunista por ter chamado “os meninos e meninas da sarjeta” de zumbis !!
As pessoas que defenderam Amy no meu Facebook, certamente não teriam como cuidar dos seus filhos caso envolvidos em situação semelhante. Negando o óbvio, que Amy não era mais um “ser” humano, seriam incapazes de atacar o verdadeiro problema.
A reação do planeta em razão da morte de Amy é de uma hipocrisia sem precedentes na história da humanidade. E me enoja !!
Amy, de acordo com o DJ e produtor Moby, que tem se mantido afastado do álcool e das drogas há anos, foi retumbantemente vaiada na sua última apresentação, em 18 de Junho, na Sérvia. Vaiada pelos mesmos que agora choram a sua morte !!
“Às vezes, é muito fácil apontar o dedo quando as circunstâncias dramaticamente dão errado, mas, como um viciado, eu sou responsável por minhas próprias decisões em última instância, não importa quanto as consequências sejam boas ou trágicas", disse o lúcido artista!!
Amy não foi “vítima” das drogas coisa nehuma!!
Era “maior de idade” e sabia exatamente o que fazia quando entrou nesta.
No blog do brilhante André Barcisnski, pincei outra declaração, do médico americano Drew Pinsky, especialista em tratamento de viciados.
“Uma pessoa que chega ao estágio em que Amy chegou precisa de muitos meses de tratamento só para recuperar a consciência de que precisa se tratar”, disse. “Só que ela é uma celebridade, de quem muitas pessoas dependem para ganhar dinheiro, e parar de trabalhar é a última prioridade”.
Pisnky citou, como caso de recuperação bem sucedida, o ator Robert Downey Jr.: “Ele fez o certo: sumiu de cena por dois ou três anos, completou seu tratamento, e depois retornou à vida pública”.
E é aí que está o ponto, a verdade. A “porralouquice” de Amy sustentava a muitos. Seus pais, inclusive, que não paravam de aparecer em programas sensacionalistas. Quando ela mais precisava de pessoas para dizer-lhe “Sim, Sim, Sim, Amy”, aonde elas estavam ????
Seus pais na América!
E os fãs ???
Ora os fãs...quando não a vaiavam, a aplaudiam quando entrava bêbada no palco.
Pra concluir.
Não admiro pessoas como Amy que disseram “Não, não, não...”
Admiro vencedores como Downey Jr. ou Keith Richards e tantos outros que mostraram ao mundo que não são Zumbis !!
São heróis por terem lutado, e muito, contra o vício, para permanecerem vivos !!!!
Vale muito a pena viver !!
Falando de Santos !!