Domingo fui assistir ao belíssimo “Namorados para Sempre” (Blue Valentine). Demorei-me para decidir assistí-lo por várias razões. A principal delas foi a crítica negativa da maioria dos(as) amigos(as). Uma pena ter seguido a opinião deles. Certamente imaginavam assistir a mais uma enfadonha comédia romântica e lhes faltou intelecto para este filme de difícil leitura...
        Um dos culpados por esse “problema” é o infeliz título em português. Não guarda qualquer relação com o filme. Um verdadeiro imbecil este sujeito que escolheu este título, “Namorados Para Sempre”.
        O título original, em inglês, “Blue Valentine” é baseado em uma canção do bardo Tom Waits (http://letras.terra.com.br/tom-waits/194233/).
        Intraduzível.
        E de quebra traz toda o significado da cor azul, sempre relacionada a razão, verdade, lógica. Uma cor que amplia os horizontes. E é o que acontece (horizontes ampliados) com Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) nos 112 minutos deste impecável filme do ainda iniciante diretor Derek Cianframe.
        A cor azul predomina no filme, tentando também nos conduzir a assistir o filme calcados na razão. E são momentos sutis como no trecho em que Cindy, enfermeira, aplica um gel azul na paciente que realiza um ultrassom, ao mesmo tempo em que Dean, pintor de paredes, aplica a cor azul em uma parede branca.
        No começo do filme já fica claro que a relação do casal não anda nada bem.  Mas tudo, você sabe, pode piorar. A narrativa utiliza com maestria digressões, “flashbacks”, fragmentando a narrativa. E este deve ter sido o segundo ponto de desgosto para o público comum. Para quem está acostumado a narrativas lineares, estas digressões e sua montagem sutil torna tudo mais complexo.
        Na maior parte do tempo a câmara está fechada no rosto dos atores. Uma aula de interpretação. E aqui vai um comentário à parte. Ambos os protagonistas concorreram ao Globo de Ouro. Mas somente Michelle foi indicada ao Oscar. Uma injustiça com Gosling, absolutamente perfeito.
        Os problemas do casal são escancarados na cara dos expectadores, mostrando todas as facetas de um relacionamento que começou em promessas. Impossível não se envolver emocionalmente com os personagens e, pasmém !, tomar partido.
        Ela quer ser médica, tem sonhos. Ele só quer ter uma família.
        Ela sustenta a casa com um emprego fixo. Ele bebe e tem atividades esporádicas.
        Ela reclama que ele acorda e toma uma lata de cerveja. Ele se orgulha de ter um emprego que permite este “luxo”.
        Salvo em raros momentos, como quando Cindy dança ao som do cavaquinho (????) de Dean, o filme é depressivo.
        Você não sairá imune desta sessão de cinema. Eu, particularmente, saí odiando Cindy !! Mas há os que saem odiando Dean !!
        Mas se você for assistir, o melhor é correr ao Roxy do Pátio Iporanga. Certamente esta é a última semana de exibição do filme. E só há uma sessão, às 22h.
        Eu recomendo !!

        Oscar Gramado, o melhor crítico de cinema de Santos!!